Dia 16 de março a escritora Rosa Bezerra, do Núcleo de Estudos do Cangaço da UBE, filha de bacamarteiro da SOBAC, fez palestra sobre o protagonismo das mulheres nas greves gerais, Brasil afora. Contou-se com a presença massiva de jovens do Fórum da Juventude Cabense, o FOJUCA, bem como do Centro das Mulheres do Cabo e da Coordenação de Pontos de Cultura da FUNDARPE.
Segue um resumo de sua preleção:
As mulheres e as greves no Brasil
No final dos Oitocentos, o Brasil era um país agrícola às voltas com vários problemas sociais: a abolição da escravatura havia jogado na rua os escravos sem proporcionar a eles uma indenização, ao mesmo tempo em que havia “nascido” uma república, herdeira de todos os problemas do Império. Começam a chegar ao Brasil os imigrantes europeus, com ideais anarquistas, socialistas e comunistas, muitos deles com experiência de lutas sociais.
Tais ideias foram disseminadas no seio do operariado e as mulheres foram atuantes nestas lutas. Lembramos aqui que as jornadas de trabalhos chegavam a 12, 14 horas por dia e as crianças também começavam cedo nas fábricas, algumas já aos oito anos. A pobreza levava as mulheres e crianças e esta ritmo alucinante de vida, em busca da sobrevivência. Mas lutaram por melhorias através de greves, fugindo ao modelo estabelecido às mulheres: donas de casas e obedientes.
Em 1901, as tecelãs da Fábrica Sant´Anna cruzam os braços contra uma tabela que rebaixava o salário real. Em 1902, as operárias da Fábrica Anhaia iniciam uma greve reclamando dos maus-tratos de um superior. Resistem até à vitória. Em dezembro de 1902, a Fábrica Sant´Anna novamente entram em greve, resistindo até janeiro de 1903. Em novembro de 1907, explode a famosa greve das costureiras.
No ano de 1908, a Fábrica Matarazzo é surpreendida por uma greve de mulheres e de crianças. E em 1917, as mulheres do Cotonifício Crespi dão início à Greve Geral, pois todas as categorias aderem à paralisação e São Paulo se vê às voltas com uma manifestação gigantesca que levou à repressão e morte de alguns grevistas. São Paulo amanhecera sem pão, sem leite, sem jornais, um verdadeiro caos urbano.
Vemos que as mulheres estiveram à frente de movimentos grevistas há mais de um século, marcando presença na história dos movimentos sociais, apesar de terem sua presença ocultada pela historiografia oficial, machista e excludente.
ROSA BEZERRA, psicóloga, pesquisadora, escritora e feminista.
Blog do Museu de um folguedo pernambucano denominado Bacamarte, uma prática sesquicentenária que consiste em festejar o São João com explosões de pólvora negra realizadas em armas obsoletas
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