Trazido por Júnior Caboco, cabense que reside em São Paulo e acompanha o mestre como um filho, além de produzi-lo e apoiá-lo. Parceiro atual de Biano, Júnior foi o criador da Zabumba do Mestre Chimba, banda cabaçal da cidade do Cabo de Santo Agostinho surgida na segunda metade da década de 1990 e, hoje continuada por Joan Artur.
A conversa, que durou até as 23h, foi orquestrada pela sabedoria de quem, desde os cinco anos de idade cumpre com o dom divino da música. E, em Sebastião Biano, música e vida se confundem. É como se fosse água pura que, para se encontrar, se escava com as próprias unhas.
"Não sinto fome, sinto vontade de comer. Fome, senti na infância", declara o mestre com a simplicidade de quem se põe humilde perante os desígnios de Deus. Contou sua tragetória de emigrante, cheia de obstáculos, mas ornada de afeto familiar, como a de tantas outras famílias nordestinas que se viram obrigadas a partir. Falou de milagres de Padim Ciço e da generosidade de Lampião, pra quem tocou ainda pequeno.
Em fim, a conversa com Sebastião Biano foi um banquete ilustrado pela mágica de seu sopro e do de seu discípulo, deixando a privilegiada plateia com a sensação de plenitude.
Obrigado Mestres Sebastião Biano e Júnior Caboco!